Sobre

O que ele mais gostava era de compartilhar suas invenções. (Olga de Dios)

Inspiração

Olga de Dios é uma escritora e ilustradora espanhola de livros infantis “casi políticos”.

A diversidade, a inadequação e o respeito são temas constantes em sua obra.

Pássaro Amarelo

Pássaro Amarelo possui asas muitos pequenas que não lhe permitem voar como os outros pássaros.

Inventivo, sempre compartilha suas engenhocas. E é assim que consegue dar a volta ao mundo … voando!

Compartilhar é bom?

Nós crescemos aprendendo que todas as coisas são escassas, inclusive as nossas ideias, e que por isso devemos protegê-las dos outros, guardando-as até o momento em que seja economicamente vantajoso vendê-las.

Aprendemos que tudo que produzimos e criamos é fruto do nosso gênio individual e que sozinhos somos capazes de fazer mais e melhor, que não precisamos de ninguém.

Quantas vezes você não discutiu seu trabalho com um colega por medo de ser copiado? Quantas vezes já te aconselharam a ficar calado para não roubarem a sua ideia?

Será que esta é a melhor forma de se relacionar com a nossa inteligência? Será que esta é a melhor forma de compreender a produção humana? Será que tudo é realmente tão escasso?

Na história do Pássaro Amarelo, quanto mais ele compartilha a invenção criada junto com amigo Téo, mais essa invenção é aperfeiçoada, mais interesses ela pode satisfazer e mais longe Pássara Amarelo vai em sua jornada.

Compartilhar pode te levar mais longe! Conheça a história do Pássaro Amarelo!

Compartilhar sem perder a autoria

Se você não se filia a uma vertente radical e quer ter o reconhecimento pela suas criações, saiba que é possível compartilhar e ser reconhecido. E até recompensado financeiramente.

Um exemplo são as licenças Creative Commons geridas por uma organização não governamental homônima.

Tradicionalmente, os marcos legais garantem aos autores e inventores “todos os direitos reservados” sobre suas obras.

As licenças Creative Commons (CC), que o Pássara Amarelo usa em sua versão mais radical, permite permite o compartilhamento e o uso da criatividade e do conhecimento através de licenças jurídicas gratuitas.

O produtor tem inteiro controle sobre a maneira como sua propriedade intelectual será compartilhada

Ficou curios@? Visite a página da CC Brasil para saber mais e conhecer as possibilidades de licenciamento/compartilhamento de obras.

Copyleft

Mas talvez você queira algo mais engenhoso. Que tal um livre direito de cópia e uma obrigação de liberdade da criação?

Foi de uma brincadeira entre programadores que surgiu a expressão copyleft – all rights reversed, um trocadilho com a expressão tradicional que afirma os direitos (quase) absolutos do autor sobre suas obras, o copyright – all rights reserved.

 Popularizado no Software Livre, por sua introdução da licença GPL, o copyleft tem como única exigência se poder copiar e distribuir uma obra, mantendo-se sempre a mesma licença em obras derivadas.

Ou seja, o criador se vale do direito de propriedade intelectual para obrigar a manter a obra livre, sempre disponível para aperfeiçoamento e compartilhamento.

E na educação?

Pode sim!
Temos importantes experiências e reflexões sobre a cultura do compartilhamento, especialmente na perspectiva da cultura hacker, na educação.

Abaixo você encontra algumas provocações:

Por uma cultura hacker na educação – Nelson Pretto – 2013)

Educação, culturas e hackers (Nelson Pretto – 2019)

Culturas Digitais e Sociedade do Compartilhamento: cartografias da cultura wiki (Messias Bandeira – 2019)

Ler para educar a compartilhar

ALVES, Lynn; JAPIASSU, Ricardo; Hetkowski. Trabalho colaborativo na/em rede: entrelaçando trilhas. 2003.

AMARAL, Mirian M. Autorias docente e discente: pilares de sustentabilidade na produção textual e imagética em redes educativas presenciais e online. Tese (Doutorado em Educação). Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá – UNESA, 2014.

BONILLA, Maria Helena S.; PRETTO, Nelson De L.; ALMADA, Darlene. Produção colaborativa e descentralizada de imagens e sons para a educação básica: criação e implantação do RIPE – Rede de Intercâmbio de Produção Educativa. Estudos IAT, Salvador, jan./jun. 2011, v. 2, n.1, p. 206-219.

LEMOS, André. Cibercultura remix. Mostra cinético digital: redes – criação e reconfiguração. São Paulo: Centro Itaú Cultural. 2005.

PRETTO, Nelson. De L.; SILVEIRA, Sérgio A. (Org.). Além das redes de colaboração: Internet, diversidade cultural e tecnologias no poder. Salvador: EDUFBA, 2008.

PRIMO, Alex; RECUERO, Raquel da Cunha. Hipertexto cooperativo: uma análise da escrita coletiva a partir dos blogs e da Wikipédia. Revista da FAMECOS, Dez. 2003, nº 23, p. 54-63.

ROSADO, Luiz Alexandre da Silva Rosado et al. (orgs.). Educação e tecnologia: parcerias 3.0. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2014.

SANTANA, Bianca; ROSSINI, Carolina; PRETTO, Nelson De Lucca. Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas políticas públicas. Salvador: Edufba; São Paulo: Casada Cultura Digital. 2012.

SANTOS, Edméa. Educação online: cibercultura e pesquisa-formação na prática docente. Tese de doutorado. Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação, 2005. Acesso em 26.08.2018.

VELOSO, Maristela Midlej Silva de Araujo; BONILLA, Maria Helena Silveira; PRETTON, Nelson De Luca. A cultura da liberdade de criação e o cerceamento tecnológico e normativo: potencialidades para a autoria na educação. Educação Temática Digital, v.18, ed.1. Campinas, 2016, p. 43-59.

Recursos Educacionais Abertos (REA)

REA é “qualquer tipo de ferramenta, material ou técnica de ensino e pesquisa, desde que seja suportado por uma mídia e esteja sob domínio público ou sob uma licença livre, de forma a permitir sua utilização ou adaptação por terceiros” (UNESCO, 2002).

Para ser considerado um REA, o recurso precisa permitir quatro liberdades mínimas: revisar, reusar, remixar e redistribuir. Desta forma, é possível, sempre, adaptar, aprimorar, recombinar e adequar o material aos contextos educativos específicos, bem como compartilhá-lo.

Saiba mais clicando aqui.

No Brasil, temos a Iniciativa Educação Aberta que reúne produções e projetos da Cátedra UNESCO em Educação Aberta e do Instituto Educadigital a fim de promover o conceito e as práticas de educação aberta no Brasil.

Inclusive, eles preparam um Guia de Direito Autoral e Educação Aberta e a Distância – Perguntas e Respostas a partir de uma interpretação não restritiva dos direitos autorais. Vale a pena conferir nesse tempo de aulas remotas. Se você quiser conhecer um contraponto, ou seja, a partir de uma perspectiva restritiva, confira a Cartilha Docente produzida pela UFSC.

Conheça também o Acervo Educarede.

Empatia: um fundamento necessário à relação Professor-aluno no ambiente virtual de aprendizagem 

Bruno Mello Souza

Pâmela Laurentina Sampaio Reis

Rebeca Hennemann

Roberto Rocha

A empatia é um processo de extrema importância na convivência humana de modo geral. Ela ajuda cada um a sair de sua individualização e a ter uma proximidade em relação ao outro. Empatia é, afinal, colocar-se no lugar do outro, compreender o outro, entender suas dores, dificuldades, anseios e angústias. A empatia é de fundamental importância no processo de interação humana e, de modo específico, na relação professor-aluno. Em um cenário de aprendizagem virtual, urge que sejamos mais empáticos. Trata-se de uma via de mão dupla.   

 Pelo lado do aluno, é necessária a compreensão acerca da novidade que o momento representa para muitos, quando não para todos. O professor está encontrando gigantescos desafios à sua frente, na geração do conhecimento, na partilha deste conhecimento nas plataformas digitais, e no incentivo à co-criação de conteúdo. Isso exige engajamento por parte dos discentes. A empatia também envolve humanizar o professor, compreendendo suas limitações, sua subjetividade e sua existência para além da sala de aula. 

Um dos aspectos diretamente relacionados a isso é a privacidade. A expectativa de resposta imediata colocada pelas TDICs, especialmente pelos mensageiros instantâneos, pode levar à falsa impressão de que o professor deve estar disponível integralmente à atividade docente e às demandas discentes. O desenvolvimento da empatia envolve também garantir o outro o direito à vida privada, ao tempo livre, ao ócio, especialmente quando o trabalho invade as residências. 

Da parte do professor, a empatia também é elemento de primeira necessidade. Há de se compreender que, abaixo da superfície em forma de número de matrícula, nome, sobrenome e nota, há um ser humano cheio de camadas, com personalidades próprias, ansiedades, anseios, sonhos, relações interpessoais, potencialidades e fragilidades. Não bastando isso, existem ainda as profundas desigualdades sociais, que ganham contornos mais claros em momentos como este, em que diferenças de acesso, de qualidade de conexão, de possibilidades concretas de aprendizado do uso das ferramentas podem repercutir nos desempenhos e resultados.

O grande desafio, portanto, é a criação de um ambiente estimulante para todos. As distintas ferramentas podem ser utilizadas justamente de modo a permitir que as diferentes capacidades de discentes e docentes sejam exploradas. Partilha, criação conjunta, solidariedade, respeito, integração: tudo isso termina por depender, em última análise, da empatia. Neste processo, podemos transformar barreiras em pontes, em conexão, enriquecendo todas as partes. 

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5 comentários em “Sobre

  1. Gostei muito dos seus textos que chamam atenção de forma lúdica e educativa sobre os direitos autorais. E, quanto ao Texto colaborativo, a empatia, realmente, faz-se necessária nas nossas relações, em especial na docente e discente. Inclusive, já ouvi de muitos e muitos alunos que a empatia pelo docente, pela docente, tornou o processo de aprendizagem mais atrativo, não menos difícil, mas, por certo, mais agradável. E, assim, o que era difícil foi sendo desconstruído e o conhecimento tomou o lugar das informações, antes desencontradas. Logo, realmente, apesar das diferenças e dificuldades oriundas no processo de Ensino e aprendizagem, com a empatia as pontes vão sendo construídas e o enriquecimento emana dos dois lados. Amei o percurso feito e o resultado apresentado. Gratidão.

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  2. Eu acrescentaria que para viver a empatia como prática é necessário nos deparamos com aspectos identitários que representam verdadeiras fronteiras muradas para lidar com o outro. Dente estes muros podemos pensas as travestilidades e transexualidades na sala de aula como um novo paradigma. Como lidar com estes “outros”. Muitos autores como Butler, falam das transexualidades com últimas fronteiras para aceitação da diversidade. Será que na nossas salas de aula temos espaço para o debate e aceitação das pessoas trans? Fica a proposta de um debate necessário para pensar esta fronteira murada para viver a empatia em uma cultura machista, misogina e homofóbica como a nossa!

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    1. Questão fundamental. Será que na nossas salas de aula temos espaço para o debate e aceitação das pessoas trans? Acho que sabemos a resposta e precisamos trabalhar para uma mudança radical desta resposta. Não podemos nos dizer empáticos se não podemos conviver sem estranhamento com as pessoas trans. Isso envolve, ao meu ver, pensarmos inclusive os discursos de “aceitação” e “condescendência” muito recorrentes na fala de professores progressistas. Penso que a empatia não se trata de “aceitar” o outro, concedendo, desde um lugar social de privilégio, o direito de existir do Outro, mas de compreender que a humanidade é diversa. Penso a noção de vigilância epistemológica é muito útil para isso. Não há vacina contra toda preconceito, não tem teoria, engajamento que imunize. Também não há transposição dessa suposta imunização. É preciso ser vigilante constantemente. Pessoas cis precisam enfrentar a transfobia que as constitui. Pessoas hetero, a homofobia. Pessoas brancas, o racismo. Etc, etc. É um exercício constante e rigoroso.

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  3. Rebeca, você é surpreendente!! Uma excelente contadora de Histórias!! Inclusive estou com um projeto sobre contação de histórias e serás muito bem vinda a este, em parceria com discentes do curso de Pedagogia. Eu, simplesmente AMEIII As aventuras do pássaro amarelo e vou partilhar sim. É uma história inspiradora e fará com que muitos jovens pequeninos ou grandões possam dar asas a imaginação e responder a sua pergunta acerca do que cada um e uma de nós gostaria de compartilhar com o mundo!!! Nossa!! Eu é o conhecimento frutos do meu vivido, que hoje compartilho com vocês e com muitos leitores através do meu blog, do meu canal no youtube (estou descobrindo), enfim… O que mais gosto de fazer é compartilhar. Obrigada por este maravilhoso presente!! Estou super orgulhosa de você!!!

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  4. Rebeca gostei muito da história do pássaro amarelo, principalmente por que tenta desmistificar a ideia do não compartilhamento de ideias. Achei também muito interessante a palestra do prof. Nelson Pretto, pois me fez confirmar meus posicionamentos em relação ao grande sentido do compartilhamento e da importância da ética e responsabilidade do indivíduo e governo neste aspecto das redes

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